Essa semana batemos a triste marca dos 400 mil mortos pela pandemia do novo coronavírus, aqui no Brasil. É difícil imaginar que alguém não tenha tido uma perda próxima ou conheça alguém que não viveu essa tristeza. Além disso, muitos vivem também o medo da contaminação e internação.
Hoje, nosso questionamento é: como abordar o luto em sala de aula?
Precisamos pensar de forma empática, levando em consideração religiões, consciência e processos pessoais individuais, no momento de abordar a morte com seus alunos.
Dependendo da idade, uma criança pode sentir dificuldades diante da morte de um familiar ou de uma pessoa próxima, separação dos pais, a morte de uma personalidade famosa e até mesmo com uma mudança brusca, como a troca de cidade ou de escola.
Muitas famílias devem assistir ao noticiário e isso gera dúvidas nos pequenos. As mortes são tema de assuntos entre as famílias? O luto é algo abordado e explicado?
Diferente do adulto, que consegue expressar o que sente e pensa, uma criança pode não entender seus sentimentos e pensamentos, manifestando comportamentos diferentes do que costumava a ter, como agressividade, alterações de sono, quietude, e até mudanças físicas como dores de cabeça e cansaço excessivo.
É o comportamento das pessoas ao redor interfere na forma como eles vão atravessar esse período. Nesse momento se dá a necessidade de haver uma intervenção qualificada e adequada para ajudar com o luto, aceitação das novas dinâmicas e no restabelecimento das condições emocionais desses alunos.
Como já falamos anteriormente, a empatia fará a diferença na hora de acolher essa criança. No momento das conversas, dúvidas vão surgir e a honestidade é a melhor estratégia.
Mas também é preciso levar em consideração a abordagem religiosa que cada um desses alunos pode ter dentro de casa. O corpo pedagógico deve falar sobre fatos. São diversas as religiões e cada um tem a sua diferente forma de olhar sobre a morte. Nosso papel é acompanhar esse processo dentro do que eles acreditam e intervir junto aos pais em alguns casos.
Sempre respeitando o tempo que cada pessoa, seja criança ou jovem, tem para digerir e processar as informações. É empático e sensível também entender quando eles não querem falar sobre o assunto. Eles mesmo precisam entender que podem receber apoio enquanto durar o sofrimento.
Assim, separamos 5 conselhos:
Você não vai conseguir fugir da temática, então aborde o assunto de forma clara e acessível;
Fale a verdade;
Respeite as crenças;
Entenda o tempo individual;
Trabalhe em conjunto com a coordenação e os pais;
O luto é um processo que precisa ser vivido e compreendido. Ele nos muda e, pensando em um momento de luto coletivo, vivemos um período de transformação das relações e do olhar sobre a efemeridade.
Com a chegada da pandemia no início de 2020, todos os professores tiveram um grande desafio à frente: o de se reinventar. E comigo não foi diferente. De repente, em uma sexta-feira, fui “sequestrada” da escola em que atuo desde 2017 como professora de inglês e, na segunda-feira seguinte, já estava online, exercendo uma atividade que não encaro como uma profissão, mas sim, como uma missão de vida, pois tenho um amor e dedicação verdadeiros à educação. Tendo a educação como missão, como inovar em minhas aulas para garantir a atenção e a participação efetiva dos meus alunos de ensino médio perante um cenário e uma forma de escola tão diferentes? Como prender a atenção dos alunos numa aula remota? Como fazê-los produzir? Como avaliá-los?
Essas questões devem estar permeando ainda não só a minha mente, mas a de muitos profissionais preocupados com uma educação significativa e de qualidade. Eu, como professora de inglês, flagrei-me, em muitos momentos, tentando achar as soluções para muitas dessas dificuldades apresentadas e, sinto-me muito feliz em poder compartilhá-las.
Costumo trabalhar muito com a antecipação de conteúdos, ou seja, os tópicos da aula seguinte já são pesquisados pelos alunos previamente. Isso otimiza o tempo de aula e faz com que os alunos busquem a informação por conta própria, desenvolvendo, assim, a sua autonomia; algo essencial para a vida de qualquer ser humano. Além disso, a devolutiva do tópico pesquisado é dada pelos próprios alunos que apresentam o que foi estudado previamente, durante a aula. Nesse momento, o professor deixa de cumprir aquele antigo papel de mero expositor de conteúdos e passa a atuar como alguém que aponta caminhos, esclarece possíveis dúvidas, quando necessário, e faz seus alunos refletirem.
É nesse processo de pesquisa e exposição dos conteúdos por conta dos alunos que o professor poderá iniciar seu processo de avaliação. A avaliação, aqui, não será aquela clássica e formal, mas será uma cujo empenho e dedicação na busca de informações serão os itens mais valorizados.
Uma outra estratégia que funciona muito no ensino remoto é a gamificação de conteúdos que garante a participação dos alunos em aula. Qual criança ou jovem não gosta de jogar? E hoje há disponível uma gama enorme de aplicativos para isso: Kahoot, Quizlet, Quizizz, entre outros. A gamificação de conteúdos auxilia em sua sistematização, além de ser uma forma garantida de diversão!
No Microsoft Teams, por exemplo, existe o recurso de “breakout room”, ou seja, uma sala de aula virtual onde os alunos são divididos em pequenos grupos, para a prática de conversação com os assuntos da aula, onde o foco é totalmente na oralidade. Em grupos menores, os alunos se sentem mais confiantes para falar e perdem o medo de se expor. O professor “visita” cada grupo, fazendo as devidas correções quanto à pronúncia, possibilitando uma maior atenção a cada aluno. Por estarem em grupos, os alunos não se sentem envergonhados ao serem corrigidos e, inclusive, sentem-se à vontade para abrirem as suas câmeras.
Quanto à produção de textos, sigo as propostas do livro didático com o qual trabalho, pois os temas estão sempre atrelados aos assuntos estudados nas aulas remotas. Com relação a correção das redações, o que aprendi a fazer foram as rubricas que estabelecem parâmetros aos alunos do porquê de determinada nota, facilitando o trabalho do professor quanto a um feedback (retorno) com referência ao texto produzido.
A plataforma Teams também fornece uma área para a produção das rubricas pelo professor. Os alunos as recebem assim que abrem a sua tarefa de redação no Teams para que possam saber no que deverão se pautar no momento em que estiverem escrevendo os seus textos.
Em Santo André, SP, onde leciono no Colégio Arbos, sempre primamos por aulas assim, dinâmicas e no estilo “mão na massa”, e não expositivas, em que os alunos atuam como protagonistas de sua própria aprendizagem. Busquei inovar, também, inserindo, ainda mais, as rotinas de pensamento no ensino remoto. Sendo assim, o plano de aula que vou apresentar foi pensado e efetuado com uma turma de 1º ano do ensino médio.
Iniciei a aula com a rotina de pensamento intitulada “3-2-1 Bridge”, pois o livro didático trazia uma unidade sobre a rivalidade entre irmãos e, para que o texto fizesse mais sentido aos alunos, queria que antes da leitura propriamente dita, os alunos refletissem sobre esse assunto. Assim, montei um Padlet que consistia de três colunas. Esse primeiro Padlet foi nomeado de “Initial Response” – “Resposta Inicial”. Cada coluna recebeu um nome. A primeira era “3 words” – “3 Palavras”, em que os alunos deveriam inserir três palavras que lhe vinham à mente ao pensar no tópico “Rivalidade entre irmãos”. A segunda coluna era “2 Questions” – “2 Perguntas” – em que os alunos deveriam inserir duas perguntas sobre o assunto trabalhado, e a terceira coluna “1 Metaphor” – “1 Metáfora”- em que os alunos deveriam fazer uma comparação entre o conteúdo discutido e uma experiência pessoal vivida sobre esse assunto. Tendo feito isso, apresentei uma palestra TED cujo nome era “Dear Little Sister: The benefit of sibling rivalry” (“Querida irmãzinha: o benefício da rivalidade entre irmãos”).
Para garantir a compreensão do vídeo em inglês, foi montada uma atividade cujo vídeo pôde ser editado do YouTube para o aplicativo EdPuzzle. Nessa plataforma, inseri o vídeo TED e criei questões de compreensão de múltipla escolha para os alunos. O que é fantástico desse aplicativo é a possibilidade que os alunos têm de assistir ao vídeo em seu dispositivo quantas vezes quiserem, até a sua total compreensão, ou seja, executam a atividade de forma autônoma, sem depender do professor. Podem também parar o vídeo quantas vezes quiserem para responder e revisar determinadas questões que, talvez, tenham dúvidas. Ao final, o próprio aplicativo corrige automaticamente as questões de múltipla escolha realizadas pelos alunos, o que poupa, e muito, o tempo precioso de aula. Terminada essa parte, foi feita também uma discussão e um momento de esclarecimento das dúvidas sobre o vídeo apresentado.
Posteriormente, novamente no Padlet, os alunos preencheram as três colunas anteriormente citadas “3 words”, “2 questions” e “1 metaphor”, com o objetivo de comparação entre o primeiro quadro “Initial Response”- “Resposta Inicial”- e entre um último quadro criado exatamente com as mesmas três colunas mencionadas anteriormente, denominado “New Response” -“Nova Resposta”- para poderem ter uma percepção, pelo concreto, dos conceitos e ideias possuídas antes de toda a discussão feita em aula com os novos pensamentos posteriores a toda a discussão. Após essa rotina de pensamento trabalhada, o texto, versando sobre o mesmo tópico, apresentado pelo livro, foi explorado pelos alunos. A vantagem de se iniciar uma aula com essa rotina de pensamento é fazer com que os alunos reflitam sobre o assunto a ser trabalhado em aula, sem ir diretamente ao texto, pois assim, têm também a possibilidade de explorar vocábulos novos e quando forem trabalhar com o texto do livro didático, parte da dificuldade com o vocabulário novo apresentado já poderá estar sanada. Ainda, os alunos têm a oportunidade de comparar o que inicialmente pensavam com as novas ideias e conceitos adquiridos após toda a realização da rotina de pensamento.
Além disso, depois que comecei a trabalhar com as rotinas de pensamento em aula, observei que as reflexões e questionamentos sobre assuntos que seriam expostos nas aulas começaram a ser “automáticos”, ou seja, a participação dos alunos nas discussões começou a ser espontânea, sem eu ter que chamá-los a participar o tempo todo, como ocorria antes. Naturalmente e de forma mais intensa, o ato da reflexão e da participação dos alunos começou a fazer parte da rotina das aulas de língua inglesa.
Escrito por:
Lucimara Bauab Bochixio Bello –Graduada na área de Tradução e Interpretação da língua inglesa/língua portuguesa pela Unibero. Tem pós-graduação em língua inglesa/língua portuguesa na área de Interpretação de Conferência pela PUC – São Paulo. É mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo. Trabalha como professora de inglês há 25 anos. Já lecionou língua portuguesa e língua inglesa no ensino superior por mais de dez anos.
A educação socioemocional é uma abordagem curricular ampla que contempla todo o ciclo escolar do estudante, partindo de uma proposta integral que visa desenvolver não apenas os conteúdos tradicionais, mas também os fatores sociais e emocionais envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem.
Para quem ainda não conhece a educação socioemocional, selecionamos a seguir uma exposição de cinco motivos que mostram porque essa abordagem é tão relevante. E para exemplificar como ela funciona na prática, incluímos também depoimentos de escolas e famílias que contam como ressignificaram seu entendimento sobre a educação de crianças e adolescentes. Confira:
1. Mais conexão com alunos e famílias
Engajar estudantes e suas famílias é um desafio constante das escolas e um dos principais benefícios da educação socioemocional é contribuir com esse ponto. Em instituições que investem a fundo nessa abordagem, é bastante comum encontrar relatos de maior aproximação dos membros da comunidade escolar e mais diálogo entre professores, gestores, pais, mães e demais responsáveis.
Nessas escolas, a sensação de pertencimento se dá não por causa de atividades pontuais, como festas ou eventos, mas sim pela construção de um pilar socioemocional permanente e alinhado ao propósito pedagógico. Com essa perspectiva, elas investem na formação de seus educadores, em materiais adequados à cada faixa etária e parcerias com programas de referência, que contribuem para que esses conceitos se tornem uma realidade.
Com o programa LIV, por exemplo, apoiamos mais de 350 escolas na implantação desse pilar de educação socioemocional, fornecendo capacitação para que os educadores e gestores estejam aptos a colocar os conceitos em prática e, desse modo, aproximar ainda mais seus alunos e famílias.
Nesse sentido, juntos a mães, pais e responsáveis, o material oferece um convite para que possam, em diferentes oportunidades do dia a dia, participar de momentos compartilhados com seus filhos e filhas. Por isso, o programa oferece jogos, sugestões de leituras e filmes para ver junto, além de um conjunto de ideias para atividades que as famílias podem escolher fazer nos momentos que julgarem mais apropriados.
Além disso, para aqueles pais e mães que desejam se aprofundar mais no tema da educação socioemocional, o LIV fornece material de leitura complementar e conteúdos digitais em um aplicativo exclusivo, permitindo o estudo mais aprofundado, e respeitando o tempo de cada família.
Michelle Kauffmann é uma mãe com um filho em idade escolar que relata o impacto positivo do material na sua relação com a escola e com o aprendizado do menino. Em depoimento ao LIV, ela contou um pouco sobre essa experiência:
“Como mãe, eu vejo que existe hoje uma necessidade de um estudo particular, pois um dos desafios da maternidade e paternidade nesse momento é perceber que não dá mais para ser pai e mãe sem estudar, sem ler e se informar. Essa ideia do instinto é maravilhosa, mas tem coisas que não fizeram parte da nossa geração e que a gente precisa estar mais apto para poder ajudar nossos filhos a se desenvolverem. Essa questão no âmbito familiar é muito interessante porque ela dispara nos pais uma forma de estudar, de melhorar, de perceber como podem espelhar o que está sendo desenvolvido na escola. O material do LIV é muito bacana para os pais lerem, se aprofundarem no tema e entenderem como lidar. Hoje em dia, nem a escola educa totalmente, nem a família, é uma parceria. E quando você tem uma literatura comum, ajuda a fortalecer. Em casa, a gente fala de uma forma que é compatível com a escola, isso ajuda a criar um mecanismo de segurança para a criança saber que aquilo é uma base comum. Como mãe, eu sou muito feliz de ter esse material para eu ler, melhorar e conseguir desenvolver essas potencialidades.”
2. Educação socioemocional contribui para a resolução de conflitos
Questões como bullying, conflitos e agressividade são fatores de preocupação tanto das escolas quanto das famílias. Entretanto, não é incomum escutar relatos sobre como a educação socioemocional contribui para a redução desses aspectos.
Em conversas com escolas parceiras do LIV, por exemplo, tem sido evidenciado que o combate mais eficaz a essas formas de violência é possível com um trabalho consistente e constante. Nesse sentido, em vez de refutar o assunto, os estudantes podem abordá-lo a partir de diferentes prismas.
Ana Carolina de Melo Silva e Silva, coordenadora pedagógica e professora de LIV no Colégio Batista de Itabuna (BA), é uma das educadoras a destacar esses aspectos:
“Em nossa escola, sempre oferecíamos aos alunos e às famílias palestras visando combater o bullying e outras violências. Depois do LIV, porém, passamos a falar sobre essas temáticas de forma mais consistente. […] Antes eu resolvia as questões de bullying quando os alunos chegavam para conversar comigo particularmente. Eu os chamava, conversava e recorria aos pais para resolver a situação. Agora, quando estou em sala com eles usando o LIV, nós temos rodas de conversa abertas sobre esse e outros assuntos”.
Em linhas gerais, o programa LIV oferece suporte para que escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, possam incluir em sua grade curricular ações voltadas para o desenvolvimento da inteligência emocional e de habilidades socioemocionais, como pensamento crítico, proatividade, comunicação, bem como o incentivo à empatia e à escuta.
De acordo com Ana Carolina, é o suporte recebido da equipe LIV que permite ao colégio entender e dar outros encaminhamentos para temas como o bullying, contando com a participação ativa dos estudantes a partir de uma perspectiva socioemocional.
“O programa oferece um suporte muito grande. Eu não sabia como lidar com certas questões. Como educadora, eu penso, por exemplo, que as notas são secundárias. Eu me importo com o ser humano, esse é meu pensamento. O LIV ofereceu um conhecimento que eu não tinha, com temas que pude estudar e aprofundar, além de um suporte com questões que antes eu não sabia como abordar. Todos os pais comentam comigo quando têm oportunidade sobre o suporte emocional que os filhos estão recebendo nas aulas”.
3. Currículo atualizado: BNCC
As duas últimas grandes atualizações curriculares no Brasil inseriram a educação socioemocional no currículo obrigatório da Educação Básica.
A primeira foi a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que inseriu as chamadas competências gerais dentre as aprendizagens essenciais do currículo nacional. Isso significa que, para além dos conteúdos curriculares tradicionais, como Matemática, Linguagens e Ciências, dentre outros, as escolas precisam promover habilidades socioemocionais visando um amplo desenvolvimento do estudante.
Segundo o texto da lei, ter competências gerais significa “mobilizar conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
Mais recentemente, as escolas também vêm se adequando para ofertar o chamado Novo Ensino Médio, que amplia a BNCC para esse segmento, trazendo uma nova abordagem para os alunos adolescentes. Assim, para além das aprendizagens comuns e obrigatórias, eles poderão escolher se aprofundar em áreas que se relacionam com seus interesses, exigindo mais protagonismo e autonomia.
Nesse sentido, contar com um currículo de educação socioemocional possibilita às escolas se adequarem a esse cenário proporcionando aos estudantes um ensino significativo e atualizado.
E para falar um pouco mais sobre o impacto de ter um currículo socioemocional, selecionamos o depoimento de Silvio Panteleão, gestor das unidades Linhares e Colatina do Centro de Ensino Charles Darwin, no Espírito Santo. Assista abaixo:
4. Educação socioemocional e competências para a vida
Embora aqui estejamos falando da educação socioemocional principalmente no contexto escolar, é importante ressaltar seus benefícios para além das aulas. Isso porque uma proposta de ensino integral que contempla essas questões contribui para o desenvolvimento das chamadas competências socioemocionais. Elas englobam, dentre outras, habilidades como perseverança, comunicação, colaboração e pensamento crítico, que repercutem em diferentes campos da vida.
Também chamadas de soft skills, essas habilidades, por muitos anos, foram vistas como secundárias, em detrimento dos conhecimentos técnicos e específicos de cada disciplina, especialmente no âmbito da educação e do mercado de trabalho. Na última década, porém, o rápido avanço da ciência e da tecnologia, bem como a ampliação da automação nos postos de trabalho, fez com que organizações de representação global, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e o Fórum Econômico Mundial, dentre outras, passassem a alertar escolas e corporações a ampliar seu escopo e atentar mais para essas habilidades antes menos valorizadas.
Essa mudança de enfoque tem diferentes origens, mas grande parte está relacionada com a conclusão de inúmeros pesquisadores mostrando em seus estudos que o conceito de bem-estar humano envolve mais do que apenas o acesso a recursos materiais, como riqueza, empregos, rendimentos e moradia.
Um exemplo é o estudo da OCDE “O futuro da educação e das habilidades para 2030”, mostrando que o bem-estar individual e coletivo também está relacionado à qualidade de vida, incluindo saúde, conexões sociais, educação, segurança, satisfação com a vida pessoal e com o meio ambiente.
De acordo com a publicação, a educação escolar tem um papel vital no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que permitem às pessoas contribuir e se beneficiar de um futuro inclusivo e sustentável. Por isso, aprender a formar metas claras e objetivas, trabalhar com pessoas que tenham perspectivas diferentes, encontrar oportunidades inexploradas e identificar múltiplas soluções para grandes problemas já é essencial atualmente e será ainda mais necessário nos próximos anos.
Para ilustrar um pouco sobre como o socioemocional impacta para além da vida escolar, selecionamos uma palestra do ex-treinador de vôlei, economista e empresário Bernardinho sobre sua jornada de superação e sobre como as habilidades socioemocionais contribuíram para que ele pudesse lidar com as frustrações:
5. Investir na saúde mental das comunidades escolares
Outro benefício de um projeto voltado para a educação socioemocional é a possibilidade de as escolas oferecerem um olhar mais atencioso para a saúde mental de seus alunos e colaboradores.
Um programa com essa abordagem possibilita a criação de espaços de escuta, momentos de acolhimento e atividades constantes para promover mais empatia, diálogo e colaboração aos membros de uma comunidade escolar.
As escolas parceiras do programa LIV, por exemplo, têm encontrado nos materiais de referência e nas formações, junto ao time pedagógico, a possibilidade de aprofundar-se nessa questão, seja no ambiente presencial ou on-line. Além de beneficiar os estudantes, essas ações também favorecem a saúde mental dos adultos, com abordagens específicas para educadores e para as famílias.
A seguir, você pode assistir ao relato de Eveline Ribeiro, psicóloga e professora do CEI Romualdo, em Natal, no Rio Grande do Norte, que fala um pouco sobre o impacto da educação socioemocional na saúde mental: