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5 dicas para incentivar estudantes a se importarem mais com aprendizado do que com notas

Quando professores dão uma nova chance para entregar um trabalho ou prova e mudam a maneira que falam sobre avaliações, estudantes passam a se concentrar nas competências adquiridas – e não mais nas notas.

Meus alunos do ensino fundamental e médio entram na sala de aula ansiosamente com o dever de casa totalmente concluído, prontos para fazer perguntas complementares. Eles não querem saber que nota tiraram neste trabalho. Eles fizeram isso por uma questão de aprender … só que aí eu acordo desse lindo sonho.

A realidade é que eles ficam olhando constantemente suas notas no sistema. E fazem perguntas como:

– Quantos pontos eu perco se eu esquecer as unidades?

– Quanto você vai descontar para cada erro de ortografia?

– O que posso fazer para que minha média chegue a A?

Depois de décadas nessa situação em minhas aulas de matemática, comecei a refletir sobre como meu próprio comportamento contribuiu para uma cultura obcecada por notas. Tenho vergonha de admitir que costumava elogiar os alunos com base nisso, em vez de seu esforço e progresso. As reuniões com os pais geralmente também se concentram nas notas, e não no aprendizado dos alunos.

Como parte da minha reflexão, encontrei um grupo de professores na minha escola que estava farto desta situação. Compartilhamos estratégias e recursos que nos ajudaram a rever a importância das notas, embora ainda tivéssemos que usá-las.

1.  Mude a maneira de falar com estudantes e famílias:  quando um aluno se sentia desmotivado para completar uma tarefa, fazia ameaças como: “Você tem que fazer isso porque valerá nota!” Agora faço declarações de incentivo, como: “Você fez muito bem em simplificar os radicais. Estou ansioso para ver como você aplica essa habilidade ao teorema de Pitágoras.” Isso funciona sempre de forma perfeita? Claro que não. Mas estar atenta à minha fala, que passou a se concentrar no aprendizado ao invés de notas, começou a mudar a cultura da minha classe.

Minha maneira de falar com os pais também mudou. Eu comecei a enviar e-mail ou telefonar para passar informações sobre os conceitos ou habilidades que seus filhos estavam demonstrando, em vez de só informar as notas. Se eu fosse pressionada por uma nota, eu logo falava: “Seu filho tirou 35 de 42 pontos em sua última avaliação. Eu recomendo que ele pratique a fatoração para se preparar melhor para o que vem no próximo capítulo. ” Pode parecer que eu esteja tentando disfarçar algo, mas dar uma nota de 35 em 42 diminui o estigma para o caso de aparecer um B-.

2. Segure a entrega da nota: eu achei essa ideia pela primeira vez no blog da educadora Kristy Louden sobre como fazer os alunos prestarem mais atenção ao retorno avaliativo do professor do que às notas. Louden escreve: “Atrase a entrega da nota real para que o foco do aluno passe da nota para o feedback.”

Eu e um colega professor de matemática experimentamos essa estratégia. Em nossas aulas, avaliamos os testes com notas usuais e notas breves, mas não escrevemos nenhuma dedução de pontos ou uma nota em si. Após a devolução dos testes, os alunos foram convidados a refletir e fazer correções. Enquanto os ajudava, discutia os conceitos e fazia comentários, mas nunca a nota.

Isso irritou as crianças no início, mas com o tempo elas começaram a se concentrar em seu desempenho real. Eu deixava para conversar com cada aluno no dia seguinte, se eles quisessem saber a nota (eu ainda tinha que dar notas como um requisito escolar).

3. Diminua os riscos envolvidos: pesquisas sugerem que o dever de casa ou a avaliação formativa nunca devem ser avaliados de maneira exata. A maioria dos professores que conheço dá nota de conclusão para deveres de casa. Alguns anos atrás, parei com isso (eu só mantive um registro de quem estava fazendo sua lição de casa para futuras reuniões com alunos e famílias). Nessas ocasiões, enfatizei que a lição de casa é uma oportunidade de praticar e explorar. Para diminuir ainda mais a pressão sobre os alunos, anunciei aos meus alunos que a nota mais baixa seria automaticamente retirada a cada semestre. Isso tirou muita carga de ansiedade e diminuiu a quantidade de lágrimas.

4. Dê uma nova chance: sou uma grande fã do blog da consultora educacional Starr Sackstein, onde ela escreve frequentemente sobre avaliação alinhada a referenciais de aprendizagem. Em uma postagem recente, Sackstein escreveu: “As provas e outras situações ‘imediatistas’ nunca vão tirar o melhor dos alunos, principalmente por causa da natureza do tempo e da necessidade de memorização”. O departamento de matemática da minha escola tinha uma política de oferecer um teste de repetição por semestre para substituir a nota mais baixa das provas. Se sua escola não tem uma política de refazer, defenda sua implantação. Ou tente demonstrar criatividade em sua sala de aula para encontrar maneiras de oferecer novas chances de fazer provas pelo bem do aprendizado – não apenas para uma substituição de uma nota baixa.

5. Permita a autoavaliação:  como professora de ensino médio, muitas vezes ouço a resposta: “Se não dermos as notas tradicionais, como estaremos preparando os estudantes para a faculdade?” Naturalmente, não podemos prever o que nossos estudantes encontrarão no ensino superior, mas parece haver uma tendência de deixar as notas de lado também entre os professores universitários. Um artigo do Inside Higher Ed publicado em 2019 observou que há boas razões pedagógicas para fazer isso, porque pesquisas mostram que as notas influenciam a motivação extrínseca (não intrínseca), diminuem o prazer de aprender e aumentam o medo de errar. Mais do que isso, as notas não são necessariamente uma boa medida do aprendizado do aluno. E, com base em pesquisas adicionais, sabemos que elas estão sujeitas a serem infladas”.

Os professores podem neutralizar alguns desses efeitos prejudiciais das notas, dando aos alunos uma maior responsabilidade sobre sua avaliação. Ao atribuir um projeto avaliado por rubrica, peça aos alunos que concluam sua própria rubrica e, em seguida, reserve um momento para conversar com eles sobre sua autoavaliação. Às vezes, a nota deles será mais baixa do que você teria dado, o que é um ótimo começo para uma conversa produtiva. Além disso, a autoavaliação dá aos alunos a responsabilidade de sua própria aprendizagem e aprimora suas habilidades metacognitivas.

Em meus sonhos, paramos totalmente de dar notas e os alunos completam suas tarefas com alegria pelo puro prazer de aprender. Mas, na realidade, as notas, por mais falhas que sejam, determinam as classificações. Ainda assim, nós, como professores, podemos ser criativos dentro das paredes de nossas próprias salas de aula para tornar as notas mais precisas, colaborativas e muito menos estressantes.

* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
© Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation

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Auto desenvolvimento

Autodesenvolvimento na educação socioemocional

Para você, quão importante é investir no seu autodesenvolvimento? Como você acha que o autodesenvolvimento se reflete na educação socioemocional dos alunos?

Mesmo antes da pandemia – quando a tecnologia assumiu protagonismo nas relações humanas – os avanços tecnológicos já mostravam que várias mudanças têm afetado nosso modo de nos relacionar com o mundo. Imagine então no ambiente escolar, com alunos super conectados e sempre antenados a tudo o que acontece de modo global.

No dia a dia da escola e no momento de planejar as aulas e atividades, é no âmbito da educação socioemocional que o professor vai considerar, desenvolver e aprimorar as competências e habilidades dos alunos em aspectos sociais e emocionais, ao estimular o autoconhecimento, a criatividade, a resiliência, a empatia, o pensamento crítico, a colaboração e a resolução de conflitos. Tudo isso pensando em uma sociedade mais justa e igualitária, com alunos preparados pra enfrentar os vários desafios que o século 21 traz.

É nesse sentido que o autodesenvolvimento é peça chave para o professor romper padrões e melhorar a si mesmo(a) diante de tantos desafios no âmbito profissional e pessoal, além de aprimorar as competências da via da educação socioemocional.

Autodesenvolvimento é a chave

Geralmente, pessoas autodesenvolvidas são mais abertas a novas experiências e não se incomodam com mudanças de conceitos e percepções. Quem procura o autodesenvolvimento geralmente tem ganhos em diversas vias: emocionais, mentais, sociais, espirituais e físicas, além do ganho em competências e habilidades no trabalho, como:

· Mais compreensão e melhoria relacionamento com as pessoas;

· Mais empatia e compreensão no tocante a emoções e comportamento dos outros;

· Autocontrole e automotivação;

· Maior entrega de valor e estímulo para trabalhar

· Expansão da visão na carreira profissional.

Parece fácil? Não mesmo!

Falar em auto desenvolvimento pode não ser tão fácil justamente porque exige que se saia da zona de conforto. Por isso, trouxemos algumas dicas para você se manter no caminho do autodesenvolvimento, do aperfeiçoamento da sua inteligência emocional e consequentemente, do ambiente em que você está inserido.

· Pratique o autoconhecimento, mas livre de autocríticas negativas;

· Inspire-se nas pessoas que você mais admira, pessoal ou profissionalmente;

· Procure feedbacks construtivos;

· Trace estratégias de planejamento, defina objetivos e metas reais – e os cumpra!

· Execute seus planos;

· Reflita sobre o contexto em que está vivendo;

· Mantenha-se atualizado em sua área de trabalho.

Mas lembre-se! Para se manter constante nesse processo, desenvolva também habilidades como persistência, resiliência, pró-atividade, positividade e flexibilidade são fundamentais.