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Educação para a Paz

Comunicação não violenta: A linguagem da empatia e da transformação

No Instituto Signativo acreditamos que a Educação para a Paz anda de mãos dadas com a Educação Socioemocional, na prevenção social das violências. Afinal, essas abordagens auxiliam a comunidade escolar a estabelecer e manter relacionamentos mais saudáveis e a resolver conflitos de forma construtiva e empática.

Convidamos você agora a imaginar um mundo onde as palavras sejam verdadeiramente poderosas, capazes de criar conexões profundas e estabelecer relações baseadas na empatia e no respeito. Um mundo onde a violência seja substituída pela compreensão mútua, e os conflitos se transformem em oportunidades de crescimento e transformação. Essa visão de um futuro pacífico e harmonioso é o cerne da Comunicação Não Violenta (CNV).

Desenvolvida pelo renomado psicólogo Marshall Rosenberg, a CNV é uma abordagem revolucionária que visa promover a conexão humana e reduzir as violências que permeiam nossas interações cotidianas. Na Educação para a Paz, a CNV se torna uma ferramenta poderosa, auxiliando educadores, alunos, comunidades e famílias a se comunicarem de maneira autêntica e respeitosa, expressando suas necessidades sem culpa ou julgamento.

O segredo da CNV reside em seus quatro componentes fundamentais, que se entrelaçam como fios de uma teia empática: observação, sentimentos, necessidades e pedidos. Ao observarmos de forma objetiva os fatos de um conflito, nomearmos os sentimentos genuínos que emergem e identificarmos as necessidades não atendidas que geram esses sentimentos, somos capazes de expressar nossos pedidos de uma maneira clara e compassiva.

A CNV não apenas nos possibilita a expressão de nossa autenticidade, mas também nos capacita a construir um repertório emocional rico, através do qual podemos comunicar nossos sentimentos e necessidades de forma clara e assertiva. Essa “alfabetização emocional” é o alicerce para a criação de ambientes escolares mais saudáveis, colaborativos e acolhedores, onde a prevenção das violências cotidianas se torna uma realidade palpável.

Quando utilizar a CNV?

A beleza da CNV transcende os muros da escola e permeia todos os aspectos de nossas vidas. Quando utilizamos a CNV, reconhecemos que todos os seres humanos compartilham das mesmas necessidades, embora busquem diferentes estratégias para atendê-las. Assim, a CNV se torna uma valiosa ferramenta em momentos de conflito, permitindo quebrar o ciclo de violência e buscar soluções coletivas respeitosas e sustentáveis.

Imagine, então, aplicar esses princípios transformadores no ambiente escolar. Ao adotarmos a CNV como base para a Educação para a Paz, estabelecemos um caminho para nos comunicarmos com a intenção genuína de gerar conexões e buscar soluções que valorizem as necessidades de todos os envolvidos. Essa abordagem não apenas fortalece os relacionamentos, mas também cria uma cultura de paz e cooperação, onde cada indivíduo é valorizado e suas vozes são ouvidas.

A Comunicação Não Violenta é uma verdadeira jornada de descoberta e transformação pessoal. À medida que nos aprofundamos nessa prática inspiradora, aprendemos a olhar para além das palavras superficiais e a nos conectar com a essência humana que habita em cada um de nós. Abraçando a CNV, abrimos as portas para um mundo onde a paz, a compaixão e a harmonia são os pilares de nossas interações.

Encorajamos você a se unir a nós nessa jornada e desvendar a magia da Comunicação Não Violenta. Que cada palavra que pronunciarmos seja uma semente de paz, capaz de transformar vidas e construir um futuro mais brilhante para todos nós. Juntos, podemos criar um mundo onde a empatia prevalece e a violência se dissipa. Vamos trilhar esse caminho inspirador e abrir nossos corações para a verdadeira essência da humanidade.

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Educação para paz e o socioemocional de professores e alunos.

Como lidar com o crescimento da violência? Quais as competências socioemocionais necessárias à apaziguamento da rotina escolar? O que deve ser feito para implementar a educação para a paz?

Há 5 anos está em vigor a Lei número 13.663, que incluiu a promoção da cultura de paz e da não violência nas escolas. Mesmo assim, o bullying e fatos tão ou ainda mais graves têm sido muito comuns nos estabelecimentos de ensino. 

Os episódios de violência e ameaças ganham força em todo o Brasil. E na mesma proporção, aumentam os debates sobre como gerenciar para mudar este quadro preocupante.

Cultura de paz como conjunto de valores

Pais de alunos, estudantes, professores, diretores, coordenadores, administradores públicos podem divergir em alguns pontos. Mas há um ponto em comum: toda a comunidade escolar acredita que trabalhar com a cultura de paz nas escolas é uma forma de reduzir a violência. 

Promover o respeito e a inclusão da diversidade, fortalecendo o consentimento de todos serem o que são e os demais direitos humanos é a melhor saída. Somente quando as atividades que trabalham a cultura de paz nas escolas se multiplicarem por todos os cantos do País, estaremos mais perto do resultado esperado.

Comentamos sobre a Legislação brasileira que trata este tema, mas é importante salientar também que desde 2004, a Organização das Nações Unidas, a ONU, especificou o real significado da cultura de paz, que é:

“Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: no respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; no pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; no compromisso com a solução pacífica dos conflitos; nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio-ambiente para as gerações presente e futuras; no respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; no respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação; na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.”

Espaços sem desrespeito, sofrimento e violência

Para resolver um problema da Educação, mais educação. É aí que entra o conceito socioemocional, que leva ao entendimento que tanto os educadores, quanto os alunos precisam se desenvolver nas chamadas competências socioemocionais. A rotina escolar estará livre da violência quando a sociedade alcançar o almejado equilíbrio emocional. 

Valores como respeito, cooperação genuína, ética, convivência amigável, empatia e diálogo são de fundamental importância para a vida em sociedade em todos os âmbitos. Porém, infelizmente, o que vimos nos últimos anos, foi o distanciamento disso tudo. Sendo que o avanço da tecnologia é apenas um dos fatores que tornaram as relações humanas mais complexas. 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também defende que a cultura de paz nas escolas deve ser trabalhada. Portanto, está mais do que na hora de arregaçar as mangas. Como? Aumentando a dedicação e os esforços no sentido de fortalecer um sistema que vise a promoção de um ambiente de respeito. No qual as diferenças não sejam alvo de exclusão. Mas passem a ser vistas como uma riqueza. O intuito é estabelecer espaços onde não haja, desrespeito, sofrimento e violência. 

Educação socioemocional fortalece educação para a paz

Na rotina escolar e no dia a dia do professor na escola, há diversas intervenções socioemocionais que podem contribuir para a paz. Mas antes de mais nada é preciso compreender direito o que são e quais são as competências socioemocionais.

E como elas envolvem o estudo das emoções. Vale lembrar que até recentemente, era comum vermos as emoções sendo abordadas por meio de várias perspectivas na Neuropsicologia, Biologia, Psicopedagogia, Psicologia, Psiquiatria e Cultura. No entanto, como objeto de estudo, as competências socioemocionais chegam no cenário escolar.

Afinal, elas também estão presentes em todas as 10 competências gerais das novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). E na proposta de Educação para o século 21 da UNESCO).

Desde 2020, todas as escolas contemplam as competências socioemocionais em seus currículos. A educação socioemocional, como processo de entendimento e manejo das emoções, enfrenta vários desafios. Porque já é bastante árduo trabalhar as habilidades cognitivas e acadêmicas nestes ambientes. 

Mas investir em competências socioemocionais beneficia os professores e os alunos. Na medida em que melhoram o desempenho escolar de modo geral e impactam diretamente na qualidade da vida em sociedade.

Intervenções socioemocionais que contribuem para a paz

Muitos apenas relacionam o desenvolvimento das competências socioemocionais à violência do bullying. Claro que este conjunto de ações intencionais e repetidas entre os alunos causa diversos danos e deve ser tratado. Mas não somente este. 

As situações que atrapalham e incomodam as ordens física e psicológica – acarretando traumas que, muitas vezes, as vítimas acabam levando para o resto da vida -, são muitas. E o corpo docente deve estar preparado para identificá-las na rotina escolar. 

As competências socioemocionais que incluem autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável precisam ser utilizadas sempre que um estudante traz problemas de casa à escola. Seja falta de atenção dos pais, excesso de brigas no lar ou problemas como alcoolismo e desemprego na família. 

Uma vez identificadas estas situações, é hora de implementar certas ações no dia a dia da escola e no momento de planejar as aulas e atividades. É no âmbito da educação socioemocional que o professor vai considerar, desenvolver e aprimorar as competências e habilidades dos alunos em aspectos sociais e emocionais, ao estimular o autoconhecimento, a criatividade, a resiliência, a empatia, o pensamento crítico, a colaboração e a resolução de conflitos. 

Tudo isso pensando em uma sociedade mais justa e igualitária, com alunos preparados pra enfrentar os vários desafios que o século 21 traz.

Professores graduados ganham conhecimento 

Os educadores encaram grandes desafios em relação ao comportamento das estudantes. Muitos apresentam atitudes inadequadas devido às necessidades não atendidas pela família e pela sociedade.

As lideranças escolares também são alvo da violência. Hoje já se sabe que o Brasil lidera o ranking de agressões contra docentes. Nestes casos, os alunos são autores de ações injustas ou transgressoras

O uso de punições é uma forma de defesa. Porém, a ideologia da violência acaba por ocultar aquilo que ela mesma tem de irracional e inaceitável, valorizando-a positivamente. Como disse Gandhi, “não se pode construir a paz sobre os alicerces do medo”.

O desenvolvimento socioemocional do professor é crucial para atender a demanda de alunos que vivem diferentes cotidianos, se desafiando constantemente com suas questões emocionais, dificuldades e inseguranças.

É por isso, que o Instituto Signativo oferece o curso de pós-graduação em Inteligência Emocional, voltado para educadores, professores da educação básica, gestores, pedagogos, psicopedagogos, pais e demais interessados.

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Educação para a Paz

Os educadores encaram grandes desafios em relação ao comportamento das crianças e jovens que trazem para dentro das escolas todas as suas necessidades não atendidas pela família e pela sociedade. Ao mesmo tempo, que existe a tentativa de proteger os alunos de serem vítimas de violência dentro das escolas, o Brasil lidera o ranking de agressões contra docentes.

Quando os alunos são autores de ações violentas, injustas ou transgressoras, parece ser correto e coerente o uso das punições, por mais sutis que sejam. Entretanto, há séculos, essa é uma forma socialmente adquirida de se pensar.

Numa cultura de violência, as pessoas privilegiam a violência como meio normal de defender sua comunidade das ameaças que pesam sobre ela. As pessoas recorrem a construções racionais que as permitam justificar e aceitar a violência. A ideologia da violência visa ocultar aquilo que a ela mesma tem de irracional e inaceitável, valorizando-a positivamente. 

Quando escutamos um pai, por exemplo, dizer ao filho quando aplica uma punição a ele que “dói mais em mim do que em você”, que faz isso “por amor” ou se justifica dizendo “eu apanhei e não morri”, esse pai se apresenta como um produto bem sucedido da cultura de violência na qual estamos todos inseridos.

“Não se pode construir a paz sobre os alicerces do medo.”

Gandhi

É exatamente quando acontece um conflito que um ciclo de violência pode ser interrompido, no momento em que respondemos à violência sem o uso dela mesma.  Mas para que isso seja possível, é necessária a normalização de um novo paradigma que torne possível a criação de estruturas que sustentem práticas adequadas para resolução de conflitos.

A punição ainda continua sendo a principal característica da disciplina escolar porque ela é rápida, fácil de administrar e parece atender ao critério segundo o qual “ao menos fizemos alguma coisa a respeito”

Todos nós concordamos que uma boa educação visa ajudar as crianças e jovens a assumirem a responsabilidade pelo seu próprio comportamento. Entretanto, a punição dada por um adulto trata-se de uma tentativa externa à eles para regular o seu comportamento.  O processo punitivo dificilmente estimula o aluno a compreender as consequências de seus atos e a reparar os possíveis danos. 

Quando sua vida e seu comportamento são constantemente regulados pelos outros, as crianças e jovens perdem oportunidades para desenvolver a autodisciplina, já que os outros o fazem em seu lugar. 

 

“De onde tiramos a absurda ideia de que, para levar uma criança a agir melhor, precisamos antes fazê-la se sentir pior?”

Jane Nelsen

Quando um adulto com sua autoridade é o responsável por determinar ao aluno o que ele merece, esse adulto assume o lugar de todas as pessoas envolvidas no conflito e acaba por enfraquecer o sentido comunitário. As comunidades precisam de oportunidade e encorajamento para assumirem suas obrigações em favor do bem-estar de seus membros e trabalharem colaborativamente para resolver os problemas da comunidade dentro dela mesma.

Escola sem punição

Os adultos de uma comunidade escolar podem se capacitar para a facilitação de círculos de construção de paz e para a mediação de conflitos. Práticas constantes para a nutrição de bons relacionamentos que envolvam toda a comunidade escolar poderiam passar a fazer parte do dia a dia da escola. Todas essas possibilidades têm raízes na justiça restaurativa e nas práticas restaurativas na educação que vem sendo implantadas de forma sistemática em várias escolas e incluídas em políticas públicas.

Acesse aqui a Cartilha Justiça Restaurativa no ambiente escolar

Apesar de as rodas de conversa serem o método mais antigo para lidar com os conflitos e fortalecer comunidades, tudo isso parece ser muito novo para nós que carregamos crenças originárias de paradigmas de dominação. Que tenhamos então a coragem de nos arriscar nessa jornada de resgate à humanidade inerente e presente em todos nós.

 

Escrito por:
Juliana Matsuoka – professora da disciplina “Comunicação Não Violenta e Educação para a Paz” na pós-graduação em Inteligência Socioemocional na Educação oferecida pelo Instituto Signativo.

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Comunicação Não Violenta na Educação

Na escola vários tipos de relacionamentos humanos acontecem de forma simultânea sob os olhos de um educador. Por isso, a Comunicação Não Violenta pode ser um caminho para o resgate da humanidade que mora dentro de nós.

Ser educador ou educadora é uma missão desafiadora repleta de desafios e é preciso muita energia para se colocar na liderança de uma turma de alunos. Uma fonte de energia sustentável é ter a consciência das necessidades humanas que te motivam a fazer o que você faz. Por trás de toda ação, por trás de toda palavra dita, existem necessidades tentando ser atendidas. 

Reconhecer Sentimentos

Os nossos sentimentos são mensageiros das nossas necessidades. Sentimentos desconfortáveis vêm para avisar que temos necessidades não atendidas, como quando a luz do combustível no painel do carro acende. Já os sentimentos confortáveis vêm para nos ajudar a enxergar as nossas necessidades que estão sendo atendidas. Portanto, não vemos os sentimentos como “positivos” ou “negativos”. Todos eles são bem-vindos e carregam mensagens importantes. O problema é que, quando suprimimos ou não percebemos nossos sentimentos desconfortáveis e nossas necessidades não atendidas, é impossível atendê-las efetivamente.

 

“Toda violência é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida.”

Marshall Rosenberg

 

A inconsciência das nossas necessidades não atendidas é o que nos leva a acabar cometendo uma violência não intencional. Por exemplo, se uma educadora age ou fala de forma agressiva quando dois alunos estão conversando durante a sua aula, é muito difícil que eles sejam capazes de enxergar que a educadora pode estar se sentindo exausta (sentimento) e precisando de apoio (necessidade). A tendência é que eles acabem fazendo julgamentos sobre ela (contra-ataque) ou sobre eles mesmos (reduzindo sua autoestima). Por isso, seja a primeira pessoa a saber como você está se sentindo.

Acesse AQUI uma lista com palavras universais que podem te ajudar a identificar seus sentimentos e necessidades.

A Comunicação Não Violenta pode servir como plataforma para impulsionar a conexão entre educadores e alunos, aproximando todos de terem suas necessidades mutuamente atendidas.

Crie momentos de pausa ao longo do seu dia e faça uma checagem do sentimento presente em você naquele exato momento. Dê nome àquele sentimento. E estão, escute a mensagem que ele traz. Nós não podemos controlar os nossos sentimentos, mas podemos, amorosamente, escolher as nossas ações.

 

Escrito por:
Juliana Matsuoka – professora da disciplina “Comunicação Não Violenta e Educação para a Paz” na pós-graduação em Inteligência Socioemocional na Educação oferecida pelo Instituto Signativo.